Guerreiros da Esperança - Resenha Crítica

Olá leitores, tudo bem?

Estou conseguindo ler com mais tranquilidade os livros que compro/recebo agora, depois das férias. Deveria ser ao contrário, mas enfim. Então não se assustem com a quantidade de resenhas que andarei postando aqui, ok? rs

A resenha de hoje - atrasadérrima! - é de um livro que recebi da Editora Arqueiro como cortesia. Fiquei bem feliz na hora, porque eu já estava querendo muito comprá-lo, então se eu não tivesse ganho, de qualquer forma ele iria direto para a minha estante. Quer saber o que eu achei desta obra? Então confira a resenha abaixo!

Título: Guerreiros da Esperança

Autor: Andrea Hirata

Editora: Arqueiro

Número de páginas: 277

Avaliação de conteúdo: 4.5/5
                       capa: 5/5
                       diagramação: 4.9/5

"Eu me sentia incrivelmente sortudo por estar ali, no meio daquela gente incrível. Havia beleza naquela escola pobre, uma beleza que eu não trocaria por mil escolas luxuosas." - página 22

Resenha

Diferente da maioria dos livros que eu leio, a estória deste se passa num lugar que não é muito falado nos títulos direcionados para o público de jovens adultos que estão mais na "moda". O lugar é a Ilha de Belitung, na Indonésia. Já tinha ouvido falar neste lugar? Não? Nem eu. E daí que logo de cara você relaciona o livro com um subtítulo desse com um país pobre e desigual como o retratado nele e já vem aquele pensamento de "nossa, esse livro deve ser chaaaaaato". Tá, vou confessar que eu pensei isso, porque não estava nem um pouco com vontade de ler um livro dramático que fala da desgraça alheia causada pelo capitalismo, mas nossa, depois de eu ter acabado a leitura, desejei nunca ter tido aquele pensamento infame.

A situação com a qual me deparei:

1) Uma escola numa aldeia bem pobre, sem quase nenhum recurso para se manter.
2) Uma única professora sonhadora (Bu Mus).
3) Um diretor guerreiro (Pak Harfan).
4) Onze crianças fazendo de tudo para conseguir estudar para tentar ser alguém no futuro e ter uma vida melhor do que as que os pais podem lhe dar.
5) A desigualdade estrondosa de um país colonizado por holandeses, onde as únicas coisas que parecem importar lá se chamam "estanho" e as empresas que fazem a extração do estanho. Fora isso, nada mais importa.
6) O governo não se preocupa com a educação das crianças, pois muitas famílias necessitam que seus filhos trabalhem ao invés de estudar para conseguir ajudar no sustento da família.

A vida na Ilha de Belitung não é nada fácil, então pelos fatores mencionados acima, já dá pra se ter uma ideia do que é essa tal batalha que tanto essas onze crianças quanto esses dois mestres educacionais tem de lidar todo santo dia para lutar a favor da educação, mesmo que seja pouca. No decorrer do livro, somos apresentados a histórias de vidas maravilhosas e que servem de exemplo para muitas pessoas. Cada aluno e mestre da escola Muhammadiyah tem a sua vida e seus momentos narrados na estória, sem nenhuma indiferença, tirando o fato de Ikal ser o personagem principal, narrador do livro e, é claro, acaba tendo um foco maior na vida dele. Todas essas pessoas possuem ambições - sejam elas pequenas ou aquelas de sonhadores mesmo - e, é lindo ver como eles são persistentes quando se deseja muito algo.

Com o passar dos anos, haverão conquistas e também decepções na vida dessas pessoas, coisas que nenhum deles um dia sonhou que fosse acontecer. Uma história real, quase sem nada de ficção, que mostra que na vida nem tudo é fácil e que, ás vezes, o que a gente dá menos valor é o que mais importa. 

Crítica

Eu tentei, juro que tentei, não demonstrar meus sentimentos -e minha revolta - na resenha e guardar tudo pra parte da crítica. Mas sério, é difícil fazer isso quando a estória mexe com você. A maioria das crianças/adolescentes de hoje em dia não dão o valor merecido à educação que possuem. E eu odeio admitir isso, mas depois de ler este livro, me sinto péssima ao reclamar da escola e da qualidade de ensino do nosso país, porque pelo menos nosso país tem escolas e, mesmo que o governo não dê a importância merecida para a educação, já é uma escola e ponto final. E lá, no lugar apontado no livro, não existe nada disso, nenhum estímulo e nem nada que façam as crianças quererem estudar. Pelo contrário, há o estímulo para não estudar! Seria muito bom se não passasse de uma estória tirada da mente de um autor bem criativo, mas o pior de tudo é que não é ficção! É a realidade, a realidade que muitas  pessoas ainda não se ligaram disso.

Por mais que a situação encontrada no livro não seja a das melhores, o livro possui uma narrativa cheia de informações culturais sobre a Indonésia (você sabia que o que garante a economia de lá é o estanho? ou então, você sabia que ela foi colonizada pelos holandeses?) e, num geral, sobre como funciona a sociedade naquele país. Não é uma história triste e chata, como a primeira impressão parece ter dito isso, mas muito interessante, com vários momentos engraçados e que vão permitir você fazer uma relação com o livro 'Capitães de Areia', do Jorge Amado, por causa da semelhança que há na vida das crianças desses dois títulos.

Como é um livro cheio de conteúdo e etc, pode não ser um livro adequado para um momento de relaxamento, de leitura apenas por diversão. Agora, se você quer se revoltar com algo que faz realmente sentido ou, se quer ficar atento com as coisas que acontecem nas diferentes partes do mundo, leia agora. É um livro que indico para todas as pessoas, um livro obrigatório, mas que vai haver uma época que cada um vai achar melhor para realizar a leitura. 

*Muitas pessoas acharam a capa estranha, mas, numa hora do livro, você vai dizer "aaaaaaaaaah, então é isso!" e vai perceber qual o significado desta capa! Não julgue uma capa sem antes saber o significado dela, rá!

Espero de coração que a maioria tenha interesse pelo livro, pois a leitura com certeza acrescentará algo na sua vida.

Se você já leu, por favor, deixe sua opinião nos comentários. Se quer fazer um debate polêmico sobre a desigualdade excessiva nos países mais desfavorecidos, então é "nóis causando" nos comentários! rs

Beijos, 

Caroline.